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Gaita

Não há dúvida: homem que sabe tocar a gaita, sabe tocar a mulher.

Para saber disso não é preciso estatística, sequer experimentar o toque do gaiteiro. Cada dedilhar é uma carícia, e, quando o fole se espicha, o corpo inteiro se contorce no ritmo da música. Então não sei se quero ser milonga, para fazer fecharem os olhos do gaiteiro, ou se quero ser gaita, para sentir o toque firme e calculado.

Nem todo homem que sabe tocar a mulher sabe tocar a gaita; mas o que sabe de gaita… Ah. Esse sabe de mulher.

E não há pele que resista: o arrepio sobe da perna até a alma, desvia os quadris e para no peito. A reação é um dançar trêmulo, assim que a pele é tocada pelos dedos que conhecem a região sem olhar.

Aqui, o sentido é o tato. O tato firme, que sente cada nervo tremer sob o dedilhar experiente.

Então sou milonga, gaita e mulher.

Romântica

Não é novidade para ninguém que eu faço parte do grupo de Mulheres Que Se Apaixonam Rápido. Deveria existir algum clube com esse nome, então poderia fazer parte dele e falar de todas as minhas experiências trágicas.

O mais engraçado nisso tudo é que meus amores são sempre platônicos. Já fui daquelas menininhas de doze anos que morrem de amores pelo vocalista de alguma banda ou pelo ator daquele filme teen. Coisa que nunca confessei.

No fundo mesmo, não passava de admiração. E vamos combinar, é uma coisa bem normal apesar de soar estranho.

Mas o propósito desse texto é apresentar o meu mais novo amor, e sequer sei seu nome.

Assisti a esse vídeo por acaso, alguém compartilhou e fiquei curiosa. Havia uma frase dizendo: You won’t believe a man can sing “Let It Go” as epic as this. (Tradução simultânea: Você não vai acreditar que um homem cante “Let It Go” tão epicamente quanto isso, Ou algo parecido).

Let It Go é uma das músicas do mais novo filme da Disney, Frozen, que eu nem assisti. Li muitos comentários, conversei com pessoas que assistiram e elogiaram. Depois de ouvir esse homem cantando, meu Deus, irei assistir. Acho que ainda está em cartaz na minha cidade. Pode parecer infantil, mas realmente gosto das animações da Disney, sem falar que acabei de ganhar um grande incentivo.

O mais engraçado nisso tudo é a maneira com a qual me apaixono. É sempre igual. Assisti esse vídeo e fiquei impressionada. Acho que já deu para perceber que uma voz bonita é o meu ponto fraco (visto que falei sobre a voz maravilhosa da Cássia Eller no último post). Bom, assisti, admirei e mostrei para minha irmã. Ela, como sempre, demonstrou indiferença. Acho que não afetou a ela da mesma maneira que afetou a mim. Fiz alguns comentários, assisti novamente. Comentei um pouco. Assisti uma outra vez. Comentei. E quando vi, ela já estava repetindo todos os meus comentários e diagnosticando minha paixonite aguda:

“Nossa, olha que voz linda. Impressionante”.

“Até que ele é bonito, não é..? Um gordinho bem bonito”.

“Meu Deus, não consigo mais parar de ouvir esse homem”.

“Quero casar com ele”.

E quando dou por mim já estou escutando a mesma música a tarde inteira. Sou assim, facilmente impressionável, facilmente apaixonável.

Daquele tipo de mulher que se apaixona pelo rapaz que segurou a porta do elevador por alguns minutos. Ou aquele que se abaixou para pegar os talheres que você, atrapalhadamente, conseguiu derrubar. Que se emociona sempre que alguém elogia, que sorri por dentro (e por fora) quando alguém sorri para você. Ou ainda, que nem precisa conhecê-lo de verdade. Basta ouvir sua voz maravilhosa, seu jeito inteligente, ver sua barba (linda!) e se perder na Paixonite Aguda.

Esse tipo de mulher do Clube das Mulheres Que Se Apaixonam Rápido.

Acho que eu deveria fundá-lo e ser algum tipo de líder.

Assistam, se apaixonem e se inscrevam na lista das próximas mortas de amor.

Acordei com Cássia

Ontem dormi mais tarde que o normal, isso porque estava acompanhada.

Uma companhia tão intensa que sua presença me obrigou a permanecer muito mais tempo ao seu lado. Dormi com Cássia Eller e acordei com ela, cantando e terminando de ouvir parte de seu repertório maravilhoso. É até engraçado falar de Cássia, pois no auge de sua fama eu era pequena e só sabia cantar Malandragem e Segundo Sol. Não podia me considerar uma grande fã. É engraçado porque hoje ela me preenche de uma maneira inexplicável. Sempre sorrio ao escutar suas músicas. Arrepio. Sinto de um tudo, e  me impressiona que o resto do mundo não sinta o mesmo. Impressiona que ninguém saia gritando e cantando Cássia pelas ruas. Já senti vontade de fazer isso.

Não existe voz que se compare à dela, não existe definição, já que a Cássia era tudo em uma. Rock, pop, samba, pagode… Era autêntica. E fazia da música uma verdadeira arte. Costumo dizer que aprecio as coisas do Brasil, e aprecio mesmo. Acho que temos um grande potencial, o problema é que não sabemos reconhecer isso, queremos tudo que vem de fora. Cássia era brasileiríssima.

O único show que fui na vida foi o do Nando Reis, aqui em Santa Maria, e não é novidade para ninguém que a Cássia e o Nando eram grandes amigos – uma dupla maravilhosa. Em determinado momento do show, Nando se lembra de Cássia e canta All Star, música dedicada a ela. Fiquei sabendo da homenagem apenas naquele dia e interpretei a música de uma maneira diferente das outras vezes em que já tinha escutado. Não se tratava de um amor carnal, ou de paixão. É uma declaração tão pura que chega a ser romântica. Era um tipo de amor desses que não se encontram em qualquer rua.

Decidi escrever sobre isso porque tenho transbordado Cássia Eller nos últimos dias, a ponto de que não consigo deixar todo esse sentimento só para mim, sentindo necessidade de compartilhar: Cantar Cássia, gritar Cássia, viver Cássia, dormir e acordar com Cássia.

Deixo uma lista de minhas músicas preferidas, na certeza de estar esquecendo outras tantas maravilhosas.

E antes que eu esqueça… Amo a risada dela.

Pitanga

Sexta feira sem aula e com frio. Final de mês, aquele período terrível em que todas as mulheres daqui de casa ficam meio malucas. Senti vontade de escutar música. Escutar Mallu.

Falar de Mallu Magalhães não é novidade para ninguém. Uma menina que começou a fazer sucesso na internet aos quinze anos, por compor e cantar músicas em inglês tão fofas quanto ela é. Fiquei surpresa quando vi essa menininha crescida, continuando com um trabalho lindo. O estilo da Mallu é suave e bom de ouvir em dias como esse, frios e descompromissados.

O último álbum que ela lançou se chama Pitanga, e não sei se esse curso está me deixando meio doida, mas eu vejo poesia em tudo. Coisa que nem dá pra explicar. Pitanga me lembra fruta, cor, beijo, sabor, coisas prazerosas. E sempre que escuto as músicas desse álbum me sinto bem.

Minha irmã diz que é coisa de menininha. Pois então, eu sou mesmo uma menininha.

Vou deixar algumas das músicas que mais gosto e ainda preciso sair para comprar esse CD.