Porque a madrugada é longa e meus dias tão curtos.
Escrevo por medo de que um dia minhas palavras acabem ou não façam mais sentido. Não que tenham significado muito, mas escrevo na tentativa de encontrar sua razão.
Se é que há alguma.
Só sei que escrevo. Poemas, crônicas, textos sem forma, sem literatura, mas que dizem tanto daquilo que sou e penso. Escrevo para não perder a fala. Porque sinto que se não soubesse escrever, não saberia falar. Escrever é tanto… Tanto que me brotam as palavras sem que eu pense nelas! Saltam como se tivessem vida própria, e já não sou mais eu quem coordena seu ritmo inquieto. Não sou eu quem conjuga verbo, quem determina vírgula, espaçamento, fonte, cor, negrito, nada… Acontecem por si só.
Minhas letras são autônomas.
E agem tão sozinhas que namoram entre elas. Decidem destinos, inventam histórias, apaixonam-se entre si! E seus romances me deixam boba… Dá vontade de experimentar só para saber como é.
Queria saber criar palavras, dessas que ninguém conhece, mas que todo mundo sabe quando lê, ou quando sente, em madrugadas mais curtas que estas que tardam a passar.